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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A ORIGEM DOS GUARDIÕES

Rise of The Guardians/EUA 
Ano: 2012 - Dirigido por: Peter Ramsey 

Sinopse: Quando o espírito maligno Pitch (Jude Law) decide dominar o mundo, os guardiões imortais decidem se reunir para proteger, com seus poderes extraordinários, as crenças das crianças do mundo inteiro. Liderados pelo Papai Noel (Alec Baldwin), o grupo é também formado pela Fada do Dente (Isla Fisher), Jack Frost (Chris Pine), Coelho da Páscoa (Hugh Jackman) e Sandman. Dirigido por Peter Ramsey.


Muitos filmes, principalmente sobre o natal, já se preocuparam em lidar com o assunto ACREDITAR. Acreditar nos sonhos, pois acreditando nos sonhos e acreditando no natal, ou na páscoa, etc, a fantasia se mantém viva e verdadeira. No entanto, nunca tivemos um filme que mexesse com esse assunto com uma roupagem tão original e criativa como a feita pela Dreamworks aqui neste “A Origem dos Guardiões”. 

Basicamente o tema do filme é esse: ACREDITAR para manter existente toda a magia. Porém, o grande problema é o medo que tira essa crença e impede dos sonhos de se realizarem. Daí, todos os grandes ícones da fantasia (o Papai Noel, o Sandman, a Fada do Dente, o Coelho da Páscoa e Jack Frost) se juntarão para combater aquele que quer acabar com a felicidade e os sonhos das crianças, o Bicho Papão e impedir que sejam esquecidos para sempre pelas crianças.


A ideia é interessante e o trabalho visual da Dreamworks continua impecável. Afinal, a empresa, ainda que continue focando em continuações e mais na comédia, ora ou outra lança algo diferente e notável. A história deste “A Origem dos Guardiões” é fluída, envolvente e possui personagens carismáticos com quem conseguimos nos identificar. 

Ainda que seja, em certos momentos, um filme um tanto quanto frenético e rápido demais, não tendo tempo para absorver e sentir mais a emoção de alguns momentos, o longa não decepciona e encanta pela originalidade de todo o universo. 


As lições de moral obviamente nós temos, assim como o final dramático com frases de efeito, mas isso, em meio a ótimos personagens, um visual encantador e a uma história positiva com mensagens marcantes, “A Origem dos Guardiões” é uma animação que vale a pena conferir. 

Infelizmente não consegui ver em 3D, mas está tendo muitos elogios o formato. Pretendo rever o filme com certeza.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

UM HOMEM DE SORTE

The Lucky One/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Scott Hicks

Sinopse: Em meio a uma batalha em plena Guerra do Iraque, o fuzileiro Logan Thibault (Zac Efron) encontra no chão a foto de uma mulher desconhecida. Ele a guarda e passa a cuidá-la como se fosse um talismã, prometendo que, caso sobreviva à guerra, irá encontrá-la. Meses depois, ele retorna aos Estados Unidos e passa a pesquisar onde ela poderia morar a partir de pistas dadas pela própria foto. Ele a encontra em um canil, onde trabalha juntamente com a avó (Blythe Danner) e vive com o filho pequeno (Riley Thomas Stewart). Logan passa a também trabalhar no canil, sem revelar o verdadeiro motivo pelo qual chegou até ele.


Gosto de muito de assistir de vez em quando a romances desses clichês até falar chega, porém, que tenha um mínimo de respeito com a inteligência do telespectador. E se conseguir me emocionar ou então prender a minha atenção com um romance envolvente e interessante também já vale o esforço. No entanto, nada disso se encaixa para este “Um Homem de Sorte”, estrelado por Zac Efron e dirigido por Scott Hicks, que dirigiu, por exemplo, o excelente “Shine” e o divertido “Sem Reservas”. 

Baseado no livro do escritor de romances “água com açúcar” mais aclamado desse século, Nicholas Sparks, “Um Homem de Sorte” se consagra como a pior adaptação já feita de um livro seu. Talvez a melhor até agora tenha sido sem dúvida o muito bom “Diário de Uma Paixão”, e depois, tivemos algumas adaptações boas como “Noites de Tormenta” que gosto, e outras apenas medianas como “Querido John” e “A Última Música”. 


Em todos estes filmes ou nos livros, toda a estrutura básica dos romances de Sparks consiste nessa estrutura padrão de um típico romance, com todas as situações dramáticas que vão desestabilizar o casal protagonista para depois chegar num desfecho, ou triste ou feliz. Mas saiba que quase toda história escrita por Nicolas Sparks teremos alguém morto no final, é praticamente uma regra do autor para gerar a emoção. Porém, não sei o que acontece nessas adaptações para o cinema que, nos livros, todo esse contexto soa bem mais interessante e envolvente de se acompanhar, diferente dos filmes que buscam exagerar no melodrama criando algo por vezes novelesco e forçado, causando mais preguiça do que necessariamente interesse. 

Confesso que até gostei da atuação de Zac Efron. Talvez se a história trabalhasse melhor o drama de seu personagem, que sofre com as lembranças da guerra, e aprofundasse melhor em sua amargura, Efron teria melhor oportunidade para mostrar o seu lado dramático. Mas isso acaba não sendo o interesse do filme, e sim, no romance, portanto, o ator é mais uma vez prejudicado com um personagem fraco e desinteressante.  


Portanto, o que temos em “Um Homem de Sorte” é um abuso de clichês, de paisagens de cartão postal, músicas bonitinhas ao longo do filme e por aí vai. Nenhum problema por aqui, penso eu. É clichê, mas tá bem feito. O problema está justamente no romance sem graça entre os protagonistas e na falta de química entre os dois atores. É um filme que não consegue emocionar como “Diário de Uma Paixão” e possuí uma resolução tão superficial que dá preguiça. Sem falar de resoluções estendidas e demoradas onde o dramalhão acaba atrapalhando mais do que ajudando a obra.

Particularmente, não consegui me envolver e me identificar com este “Um Homem de Sorte”.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

Especial Woody Allen: TUDO O QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER SOBRE SEXO (MAS TINHA MEDO DE PERGUNTAR)

Everything You Always Wanted to Know About Sex (Buy Were Afraid To Ask)/EUA
Ano: 1972


Tema recorrente na extensa carreira de Woody Allen, o sexo é tratado com muito humor em Tudo Que Você Precisa Saber Sobre Sexo (e não pretendo reproduzir o título inteiro por ser longo demais e mais uma piada infeliz do filme). Poucos conhecem uma das fases mais produtivas e divertidas de Woody Allen, em que criava comédias de humor corporal (e, se já existia a neurose do diretor nas falas proferidas por seus personagens, não representa metade da verborragia que ele adotaria anos depois). Esta obra faz parte deste seu início de carreira, em que influências dos seus shows stand-up e comediantes como Buster Keaton e Irmãos Marx, dominando seu cinema com um bom humor invejável. 

E o próprio diz que, naquela época, não sabia quase nada de linguagem cinematográfica. A incontestável prova disso é o enfadonho “Todo o que Você...”, que, além de raramente provocar o riso no espectador, demonstra-se pedestre narrativamente. O filme conta com sete segmentos: “Os afrodisíacos funcionam?”, “O que é sodomia?”, “Por que algumas mulheres têm problemas de orgasmo?”, “Os travestis são homossexuais?”, “O que são perversões sexuais?”, “Os experimentos e as pesquisas sobre sexo feitas pelos cientistas médicos são válidas?” e “O que acontece durante a ejaculação?”. 


É levemente engraçado observar algumas sacadas de Allen, como o uso de óculos fundo de garrafa numa época em que, obviamente, isso sequer existia. Ao contrário, as gags envolvendo o personagem de Gene Wilder, embora irreverentes, atestam a incapacidade do roteirista, num aparente bloqueio criativo, de criar uma boa piada (e, acredite, a situação é muito propicia). Já o último curta, onde Allen e Burt Reynolds (que, ironicamente, participaria de Boogie Nights posteriormente), é, certamente, o mais criativo e engraçado, uma vez que os personagens (atores vestidos de espermatozoide) discutem sobre a ejaculação (e piadas com a masturbação, por exemplo, revelam-se verdadeiramente eficientes). 

Longe da genialidade e veia cômica afiada do Woody Allen de outros filmes melhores, a obra serve mais para observarmos um cineasta iniciando sua carreira com bastante irreverência. Pois suas verdadeiras obras-primas ainda estariam por vir.

Comentário por Júlio Pereira

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

JOVENS ADULTOS

Young Adults/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Jason Reitman

Sinopse: Divorciada, a escritora Mavis Gary (Charlize Theron) retorna para sua cidade natal no estado de Minnesota, nos Estados Unidos, disposta a reconquistar seu ex-namorado, Buddy Slade (Patrick Wilson). Acontece que ele, atualmente, está casado com Beth (Elizabeth Reaser) e acaba de ganhar uma filha. Mesmo assim Mavis não desiste, já que acredita que Buddy na verdade está infeliz e quer retornar para a mulher dos seus sonhos, ou seja, ela.



Esquecer o passado, seguir em frente e não olhar para trás, esta é basicamente a mensagem central deste “Jovens Adultos”, estrelado por Charlize Theron e dirigido e roteirizado pelos mesmos responsáveis por “Juno”, respectivamente o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody. 

Uma das coisas mais interessantes neste “Jovens Adultos” se encontra justamente em sua mensagem. Aqui, temos uma personagem chamada Mavis (Charlize Theron), que saiu de sua cidadezinha natal com o objetivo de buscar sua felicidade e sucesso, porém, ainda assim, mesmo numa cidade grande onde as coisas funcionam de um jeito totalmente diferente, ela não a encontrou. Daí, Mavis decide voltar para sua cidade natal e tentar voltar com um antigo amor, que está casado e com filho agora. Porém, ela vê aquilo como o único motivo para se completar, já que nem no passado naquela cidade, nem agora morando na cidade grande, ela conseguiu ser feliz. 


É nítido o desprazer que Mavis sente em seu dia-a-dia. Falta de prazer em acordar com alguém ao seu lado, desleixo e desorganização com suas coisas e ainda vivendo de mentiras, já que sempre fala algo para as pessoas que na realidade não é verdade, ou seja, buscando ser algo que não é. 

Porém, tem sempre um momento que não conseguimos viver assim, e ao voltar para sua cidade do passado e confrontar cara a cara com esse passado, Mavis terá que escolher um caminho, abrir os olhos e ver que a felicidade verdadeira existe, e não depende de lugares ou de pessoas, mas sim, de você. 


Portanto, “Jovens Adultos” é um material interessante com uma trama bacana estrelado por uma Charlize Theron linda, divertida e bem a vontade. A atriz se entrega e passa com melancolia os problemas de sua personagem. 

Uma dramédia sob medida, sem muitas ousadias por parte do roteiro e direção, porém, que passa uma mensagem verdadeira e sincera.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

Especial Woody Allen: BANANAS

Bananas/EUA
Ano: 1971


Costumo dizer que, se juntasse Bananas e “Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo...”, Woody Allen obteria uma obra realmente empolgante. Digo isso pois Bananas é bem mais engraçado, mas o outro possui uma narrativa que, apesar de frágil, poderia muito bem ser abraçada por este filme – como o grupo Monty Pyton fez em “O Sentido da Vida”. Assim, Bananas é preciso ao evidenciar o humor crítico de W.A., prejudicado, porém, por uma narrativa pedestre, que investe numa sucessão de gags (oscilando entre o ótimo e o medíocre) sem um fio narrativo coeso o suficiente para sustenta-las. 

Na trama, um simples testador de produtos duma firma, Fielding Melish (o próprio Allen) é induzido pela namorada (Louise Lasser) a unir-se aos rebeldes de San Marcos, na América Central, tornando-se rapidamente o presidente do país. 


É claro que a sátira política envelheceu um pouco (e “O Ditador” é muito mais atual nesse sentido), mas não deixa de ser muitíssimo divertido os absurdos retratados por Allen (como a icônica sequência no metrô, com a participação do ilustre Sylvester Stallone). Além disso, é curioso observar um pastelão calcado no humor físico, uma vez que o diretor e roteirista nova-iorquino é conhecido por seus emblemáticos diálogos – a já citada sequência, inclusive, é criada sem nenhuma fala. 

E, se uma obra é sustentada apenas por suas piadas (como ocorre em “Ted”, por exemplo), elas tem que ser, no mínimo, ótimas para conseguirem manter nossa atenção. A verdade é que o filme tem sacadas brilhantes, como a da barba falsa, mas outras absolutamente decepcionantes – e que, por estas, Bananas acaba sendo apenas regular.

Comentário por Júlio Pereira

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O ESPETACULAR HOMEM ARANHA

The Amazing Spider Man/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Marc Webb

Sinopse: Peter Parker (Andrew Garfield) é um rapaz tímido e estudioso, que inicou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy (Emma Stone), sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), desde que foi deixado pelos pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors (Rhys Ifans) na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto. 



Desde quando anunciaram uns três ou dois anos atrás o reboot de Homem Aranha eu já não gostei da ideia. Primeiro por ser tão recente, e segundo por decidirem contar novamente suas origens fazendo de tudo para apagar a imagem da trilogia do diretor Sam Raimi. O problema é que a trilogia de Raimi, principalmente o primeiro e o segundo filme, ainda que com problemas, são dois excelentes filmes que não só foram marcantes, como ficaram cravados no imaginário de muita gente, então, é praticamente impossível esquece-los. 

A ideia de reiniciar a franquia começou quando Raimi decidiu deixar a produção de Homem Aranha 4 alegando não ter liberdades criativas, e a Fox já o impediu de realizar muita coisa no terceiro filme que acabou sendo o mais criticado de todos. Com a saída do diretor, consequentemente os atores Toby Maguire, Kristen Stewart e os demais também se retiraram. Então, a solução foi remodelar tudo de novo.


E qual o resultado final deste “O Espetacular Homem Aranha”? Aqui, talvez sobre a influência de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, onde a moda de se fazer filmes de super-heróis sombrios e realistas começou, o filme larga todo o ar de quadrinhos existentes nos anteriores e adentra numa ambientação realista, parecendo muitas vezes com um filme policial e opta pelo tom sombrio, totalmente diferente do tom colorido dos filmes de Raimi. 

Ainda que mais verossímil e palpável, o problema deste “O Espetacular Homem Aranha” é por ser nada empolgante. Respeito refazer o herói mais parecido com o dos gibis, onde produz sua própria teia e não é tão forte assim, no entanto, durante todo o processo de divulgação se anunciou que no filme seria contada a história jamais contada, em referência aos pais de Peter Parker, entretanto, a ladainha em cima disso foi tão grande que o filme foca mais de uma hora na origem do herói, sendo que já há vimos antes e aqui nada soa tão bacana e surpreendente como no longa de 2002, e a tal história sobre os pais de Peter só fica na promessa. O filme cita uma coisa aqui e outra ali, mas no final, tudo é deixado para uma possível continuação. E provavelmente vamos ter essa trama envolvendo o passado de Peter durante toda a nova trilogia.


Outra coisa que me incomodou bastante neste filme é o Homem Aranha aparecer quase sempre de noite. Nos filmes de Raimi, grande parte das cenas de ação era de dia, e tínhamos toda uma abordagem dos atos heroicos, como o Homem Aranha salvando crianças em prédios pegando fogo, ou estando na rua e precisa salvar alguém imediatamente, ou seja, Raimi sabia como caracterizar de maneira heroica e empolgante o herói, e tudo seguido de um trabalho técnico primoroso e cenas de ação marcantes, a exemplo da excelente luta entre o Homem Aranha e o Dr. Octopus no trem no segundo filme. Porém, aqui tudo isso se perde. É um filme que se preocupa mais com o drama da história de Peter, que acaba se esquecendo do Homem Aranha. As cenas de ação são medianas, o vilão não convence em nenhum momento e o herói não consegue gerar aquela vontade no público em querer ser o Homem Aranha. 

Mas o filme tem qualidades. A mais notável se concentra na abordagem do romance entre Peter Parker e Gwen Stacy. Dirigido por Marc Webb, que dirigiu o excelente “500 Dias Com Ela”, “O Espetacular Homem Aranha” possui ótimos diálogos entre o casal que lembram muito os diálogos entre os personagens de Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel no já citado “500 Dias Com Ela”. Nessa parte, o filme consegue superar os de Raimi cujo romance soava um tanto quanto genérico, e em nenhum momento humano e tocante como aqui.


Sobre os atores, digo que cada time fez bem feito em cada jogo. Não critico Tobey pois gostei muito dele na primeira trilogia e ficou bacana no universo daqueles filmes, e aqui, Andrew Garfield convence e faz um Homem Aranha mais sarcástico, brincalhão e não tanto um nerd rejeitado com medo de falar com as garotas. Enfim, em seus respectivos universos, cada ator fez bem feito o que lhe foi proposto.  

Portanto, “O Espetacular Homem Aranha” inicia a nova trilogia do herói aracnídeo nos cinemas. Particularmente, deu saudade de ter Sam Raimi de volta. É um filme que não consegue ter o mesmo impacto que os anteriores e nem criar aquela vontade de ser um super-herói. Ainda que com ótimos diálogos, na parte mais movimentada da coisa, o filme deixa a desejar. É assistível, mas esquecível.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

ARGO

Argo/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Ben Affleck

Sinopse: Em 4 de novembro de 1979, durante a invasão de militares iranianos na embaixada americana em Teerã, 6 entre os 58 americanos presentes no local conseguem se refugiar na casa do embaixador do Canadá. Ciente da iminência da captura e da possível morte dos seis refugiados, Tony Mendez, um especialista da CIA, bola um ousado plano para tirá-los do país: forjar a produção de um filme americano de ficção científica em pleno Irã. É iniciada uma insólita operação secreta que se desenrolou nos bastidores de uma crise histórica, escondida durante décadas.


Terceiro filme como diretor de Ben Affleck, que conseguiu de vez limpar a sua imagem negativa de anos atrás e ser perdoado por todos os seus pecados (né “Demolidor”?), o ator/diretor vêm se mostrando um dos fortes cineastas de Hollywood ultimamente. 

Estreou por trás das câmeras em 2008 com o ótimo “Medo da Verdade”, dois anos depois fez o excelente “Atração Perigosa” que foi um grande sucesso de bilheteria, e agora, em 2012, Affleck retorna com este excepcional “Argo”, que narra uma das missões de resgate mais cinematográficas, e verdadeiras, já feitas pelo serviço secreto americano. 


E digo verdadeira porque a missão foi algo tão arriscado e desesperador, que todo o processo parecia mesmo algo saído das mentes de Hollywood, e por fim, para confirmar a veracidade dos fatos, Affleck opta por mostrar fotos originais de todos os envolvidos na dita “Operação Argo”, e claro, para fazer o público acreditar que tal ocorrido foi sim uma história real. 

Uma das grandes qualidades do filme e que se deve também a competência de seu diretor, se encontra na condução da história e em sua construção narrativa. Ben Affleck não faz um daqueles filmes discursivos onde se narra a história e pronto. Ele recria a tensão, o suspense e acerta em levar o público para dentro dessa linha tênue que foi a “Operação Argo”, deixando quem assiste altamente apreensivo na cadeira do cinema torcendo para que tudo dê certo, e por ser baseado em fatos reais, sempre fica aquela tensão de que provavelmente pode dar tudo errado. Aí o nosso coração dispara mais ainda! 


O elenco também é outra grande qualidade da obra. Ben Affleck, que mais uma vez se dirige, repete o mesmo mote de “Atração Perigosa”. Já que é um ator dito como mediano e um diretor dito como “de grande nível”, Affleck protagoniza “Argo” de maneira discreta e deixa os seus grandes talentos para a direção, e, mais uma vez, se cerca de excelentes coadjuvantes encabeçados por ótimos atores, a exemplo Alan Arkin, John Goodman e Bryan Cranston. 

Portanto, já fazia um tempinho que eu não ficava tão tenso e apreensivo em um filme no cinema. “Argo” até o momento é o favorito absoluto ao Oscar 2013, de diretor e filme principalmente, e olha, não ficaria triste se ganhasse. 


Argo” é uma experiência envolvente, empolgante, maravilhosamente bem dirigida, bem narrada, com ótimos atores e um maravilhoso e angustiante suspense. Vale muito a pena!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PROCURA-SE UM AMIGO PARA O FIM DO MUNDO

Seeking A Friend for the End of the World/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Lorene Scafaria

Sinopse: Dodge (Carell) foi abandonado pela esposa após descobrir que um meteoro se chocará com a Terra em um curto espaço de tempo. Seus planos de viver alguns dias de amor enquanto o fim se aproxima começam a se realizar, quando ele se aproxima de sua vizinha (Keira Knightley), que se convida a participar da - antes solitária - jornada, carregando nada além de seus discos favoritos.


O mundo vai acabar em pouco menos de quatro semanas. É certeza! O que você faria? Com quem você passaria os seus últimos momentos de vida? Esta é uma das interessantes abordagens deste “Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo”, dirigido pela americana Lorene Scafaria, que além de atriz e roteirista, agora faz aqui sua estreia na direção. 

No filme Steve Carrell interpreta Dodge, que foi abandonado pela esposa após descobrir que um meteoro chocará com a Terra exterminando todo o planeta. Como o fim é certo, cada um vai procurar vivê-lo a sua maneira, e Dodge segue vivendo os seus últimos momentos de maneira solitária, já que também não possui família. Sua mãe é morta e este não conversa com o pai já faz 25 anos. Porém, Dodge acaba conhecendo sua vizinha, interpretada por Keira Knightley, e nasce ali uma união inesperada para os últimos do planeta. 


Confesso que começando assistir “Procura-se...” senti certa preguiça de continuar assistindo. Deu vontade de parar e deixar para outra oportunidade. De inicio, a obra realmente não possui grandes atrativos e segue um ritmo lento, com nenhuma surpresa ou momentos envolventes. No entanto, afirmo que vale a pena fazer um esforço e chegar até a metade do filme. 

Do meio em diante, quando o envolvimento dos protagonistas torna-se algo bem maior do que uma simples amizade, “Procura-se...” melhora o seu ritmo e cria situações que em sua simplicidade é possível se emocionar. A questão da “pessoa certa para passar as últimas horas de vida” e a melancolia do fim estar próximo são transmitidas com grande e delicada sutileza onde, apenas por meio do silêncio, já é possível sentir o que os personagens estão sentindo. 


E claro que, isso não seria possível se também não tivéssemos ótimos atores. Steve Carell vem impressionando cada vez mais em papeis dramáticos, e aqui, seu personagem passa grande parte do filme triste, angustiado, e com isso, Carell transmite muitíssimo bem por meio de olhares e expressões sua dor, seu sofrimento e também o seu amor quando este acontece. Keira Knightley já faz o contraponto ideal para um protagonista “fechadão”. Ela é animada, inspiradora, divertida, espontânea e oferece uma leveza e contraste interessantes ao filme. E os dois juntos, principalmente nos momentos finais, a emoção é inegável. 

Portanto, “Procura-se Um Amigo Para O Fim Do Mundo” é uma gratificante surpresa deste finalzinho de ano. Mescla bem o romance, o drama e a comicidade, e por fim, temos um filme que, mesmo com um inicio fraco, consegue do seu meio em diante apresentar um sutil, honesto, simplório e emocionante filme. Vale a pena!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

sábado, 17 de novembro de 2012

VALENTE

Brave/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Mark Andrews e Brenda Chapman.

Sinopse: A jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava... Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.


“Valente”, a nova animação da Pixar, não conseguiu se tornar aquele clássico instantâneo como os filmes de “Toy Story 3” para trás conseguiram. E tendo deslizado feio com “Carros 2”, ao menos o estúdio de animações mais adorado de Hollywood volta em um projeto original com um filme que, mesmo não sendo tão marcante, consegue ser muito melhor que “Carros 2” e possui qualidades notáveis, um visual deslumbrante e uma protagonista inesquecível. 

A obra é o primeiro conto de fadas da Pixar e a grande preocupação do estúdio era criar um filme que não parecesse um típico filme de princesa da Disney, e sim, que tivesse aquela ousadia e originalidade habitual da empresa.


Um grande acerto de “Valente” se encontra em explorar o relacionamento entre mãe e filha, algo muito pouco visto em filmes de animação, e que aqui, o diretor Mark Andrews aprofunda com delicadeza mostrando o amadurecimento de ambas no decorrer da história. Tudo de maneira tranquila e com aquele jeito tocante que a Pixar sabe fazer. 

E para não ficar com cara de Disney, ainda que tenha algumas músicas no decorrer, a Pixar acerta também por focar minimamente na fantasia e optar mais pelo realismo e crueza dos fatos. Não que o filme não tenha magia, mas ela não passa de um mero detalhe, o foco mesmo em “Valente” são as relações familiares e o aprendizado que temos sobre respeito, pais e obediência. As mensagens em si não são nada novas. A adolescente rebelde que irá aprender com os seus erros o valor do respeito aos pais e irá entender que eles só querem o seu bem. Porém, mais uma vez repito, o modo como é transmitido é que é o diferencial da obra. O clichê não soa clichê e bobo, e Andrews o transforma em algo envolvente e tocante de se acompanhar e seguir. 


O visual de “Valente” é outro detalhe fenomenal. Os trabalhos artísticos dos filmes da Pixar são minuciosos, detalhistas e altamente bem feitos. Aqui, desde os vales e florestas escocesas, passando pelas vestimentas (algo também já feito com muita qualidade pela DreamWorks no excelente "Como Treinar O Seu Dragão") até o belíssimo e surpreendente cabelo ruivo da princesa Merida, “Valente” encanta e impressiona. 

E por falar na princesa Merida, a moda hoje são as princesas ousadas, que lutam, enfrentam e não esperam mais por seus príncipes como era antigamente. Já tivemos um exemplo que deu muito certo no ótimo “Enrolados” e agora temos aqui em “Valente”.

Merida não quer saber de casar ou seguir os padrões da época para as mulheres. Ela luta, enfrenta, arrota, grita, anda desarrumada e não está nem aí para o que as pessoas vão pensar. Particularmente, acho essas as melhores princesas, tanto que tenho como a minha preferida a Rapunzel de “Enrolados”. 


Entretanto, senti certa pressa por parte do diretor Mark Andrews com o narrar da história, assim como desnecessário a bruxa que aparece no filme. Poderiam criar muito bem algo ao estilo “Irmão Urso” do que colocar uma bruxa apenas por ser um filme de princesa. Ainda que ela não seja má e nem a vilã (o filme não tem vilão, outra coisa bacana), sua presença pouco acrescenta a trama. 

Mas apesar disso, “Valente” é um retorno de cabeça erguida para a Pixar. Como mencionei no inicio do texto, não é um filme que gerou alvoroço como outros do estúdio, mas vale a pena conferir esse singular, belo, tocante e divertido “Valente”.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A SAGA CREPÚSCULO: AMANHECER - PARTE 2

The Twilight Saga: Breaking   Dawn - Part II/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Bill Condon

Sinopse: Em 'Amanhecer - Parte 2', a felicidade dos recém-casados Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson) é interrompida quando uma série de traições e desgraças ameaça destruir o mundo deles. Após dar a luz a Renesmee (Mackenzie Foy), Bella desperta já vampira. Ela descobre que Jacob (Taylor Lautner), seu melhor amigo, teve um imprinting com a filha e passa a acompanhar seu rápido desenvolvimento. Bella não aceita esse fato no início, mas depois compreende e eles convivem em harmonia.


“A Saga Crepúsculo- Amanhecer Parte 2” é um tipo de filme onde não se pode exigir mais nada. Se em quatro filmes nenhum diretor conseguiu consertar os erros e melhorar os defeitos, não é agora no quinto capítulo que vamos esperar algo de diferente. Portanto, este “último” capítulo da intitulada “A Saga Crepúsculo” não esconde o ridículo, apresenta mais escancaradamente os erros e, por fim, surpreende por conseguir elevar sua ruindade ao nível máximo, se consagrando como pior e mais broxante filme da franquia.

Primeiramente, é visível a falta de necessidade em dividir o último livro em dois filmes. Em duas horas e meia de filme, a história de “Amanhecer – Parte 2” resume-se apenas em apresentar a esperada luta dos Cullens contra os Volturi, e o objetivo de todo o filme é justamente este. Bella e seus amigos terão que proteger sua filha já que os Volturi querem matá-la por acharem que se trata de uma criança imortal, e isso é contra a Lei dos vampiros. Porém, a luta só acontece nos 30 minutos finais de filme, ou nem isso, e até lá, o que temos em “Amanhecer – Parte 2” é um amontoado de "encheção de linguiça" com os Cullens se preparando para a guerra, chamando outros vampiros ao redor do mundo para ajudá-los, o amor de Jacob pela filha criança de Bella, a própria Bella aprendendo a lidar com o seu vampirismo recente e também a nova fase de casado dos protagonistas. E isso, juntamente com momentos de alivio cômico forçados, desconexos com o filme e que só atrasam mais o que realmente interessa. 


Se lá em 2008 fomos apresentados aos vampiros que brilham no sol, e com o decorrer da série a outras peculiaridades desse universo, agora, mais do que nunca, os vampiros de “A Saga Crepúsculo” se assumem verdadeiros mutantes. É impossível não se lembrar de “X-Men” quando se vê vampiros que controlam o fogo (?), a água (?), dão descarga elétrica (?), controle sobre a escuridão (?), ou então, geram campos de força (?) para impedir o poder de outros vampiros. Ou seja, neste quinto filme o diretor Bill Condon, que também dirigiu a Parte 1, assume de vez a galhofada que é a série e dirige de qualquer maneira, investindo mais no ridículo do que, necessariamente, buscar fazer um desfecho que valesse a pena. Exemplo disso são alguns diálogos horríveis como quando Edward vira para Bella e diz “Agora é a sua vez de me quebrar!”, em referência a força adquirida pela personagem depois de ter virado vampiro. 

O elenco também é outro fator pavoroso em “Amanhecer – Parte 2”. Tudo bem que os atores já se acomodaram e nunca buscaram amadurecer com os seus personagens, talvez para não mexer na fórmula que deu certo com “Crepúsculo” em 2008, no entanto, neste último eles assumem o desinteresse por seus respectivos papéis e caem mais ainda na caricatura. Se antes já não existia emoção, porém, havia certo equilíbrio, Kristen Stewart, Robert Pattison, Taylor Lautner e companhia, abusam das “caras e bocas” e atuam como se estivessem numa novela mexicana. 


Michael Sheen é o único que agrada em meio a tanta decepção. O ator que interpreta o líder dos Volturi se diverte, abusa das “caras e bocas” sim, porém, como vilão, sua caricatura e sarcasmo caem como luva. Porém, é muito mal aproveitado no filme.

Já Dakota Fanning, outro nome de peso do elenco, comprova que está crescendo e ficando uma atriz insossa e sem graça. Aqui, mais do que na Parte 1, mostra-se sem utilidade alguma. 

Portanto, “A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2” chega a seu capítulo final comprovando a futilidade e vergonha que é essa franquia. Um desfecho que ao invés de impactar e no mínimo empolgar, causa é vergonha, risos e decepção com uma narrativa genérica, atuações sofríveis, diálogos artificiais e efeitos que lembram mais aqueles filmes de heróis da década 60 e 70, ou seja, bem “tosquinhos”. 


Sei que muitos fãs não irão aceitar as severas críticas e vão amar este último filme, assim como toda a série, afinal, fã é fã e a gente sempre releva os defeitos quando gostamos muito. Entretanto, se antes, ainda que não fosse maravilhoso, porém havia certo equilíbrio no romance e na condução da história, nesta Parte 2 tanto o diretor quanto o restante da equipe mandam a saga pelos ares e conseguem prejudicar mais ainda a série lançando o pior dos cinco.

A uma estrela vale apenas por uma surpresa que acontece durante o clímax  que confesso, foi bacana e surpreendente. Mas só!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O ANJO DO DESEJO

Passion Play/EUA
Ano: 2010 - Dirigido por: Mitch Glazer

Sinopse: Las Vegas. Nate Poole (Mickey Rourke) leva uma vida boêmia, tocando seu trompete em clubes noturnos. Após se envolver com a mulher do mafioso Happy Shannon (Bill Murray), ele é obrigado a fugir da cidade. Seu destino é um circo que passa pelas redondezas, onde conhece a bela Lily Luster (Megan Fox), que possui asas de anjo. Nate logo se apaixona por ela e quer retirá-la do lugar, mas para tanto precisa enfrentar o dono do circo, que não deseja perder sua maior atração. 


Primeiro filme de Mitch Glazer, que foi roteirista de filmes como “Os Fantasmas Contra Atacam” e “O Novato”, “O Anjo do Desejo” consegue ser de longe um dos piores filmes que vi durante este ano de 2012. Lançado diretamente para DVD aqui no Brasil, o longa é uma construção mal feita de um romance surreal contando com interpretações horrendas e uma direção catastrófica de Mitch Glazer. 

Um dos grandes erros de “O Anjo do Desejo” começa pela construção melancólica feita por Glazer. O drama do filme, mas parece com a de uma novela mexicana, com repetidas cenas melodramáticas ao som de musica instrumental angustiante, seguidos por diálogos cafonas daqueles genéricos e clichês.


E como se não bastasse tudo isso é acompanhado de atuações forçadas e caricatas, diga-se de passagem, a do protagonista Mickey Rourke. Com um rosto inexpressivo e sem emoção alguma, Rourke muitas vezes passa-se pelo ridículo parecendo estar fazendo mais caretas do que necessariamente uma cena dramática. 

Megan Fox, tadinha, até tenta, porém, escolhe o filme errado para mostrar que sabe fazer drama. Aqui, ela não faz outra cara se não de assustada, mantendo constantemente a boca aberta para mostrar os seus lábios sensuais. Nada a mais!


E Bill Murray é o único capaz de transmitir veracidade e realismo em sua atuação. Afinal, o ator é a única coisa que presta em “O Anjo do Desejo”. Fazendo o vilão do filme, Murray convence e oferece certa maturidade e tensão ao filme. 

No entanto, ainda assim Bill Murray não vale por todos os 90 minutos da obra. Mitch Glazer não só deixa de explicar certas coisas, como também não consegue emocionar, a produção chega a ser grotesca em muitos momentos, desde os efeitos até a fotografia, tudo soa amadorístico e desajeitado. 

Enfim, um filme que não precisava constar no currículo de Mickey Rourke, Megan Fox, e principalmente, de Bill Murray.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

COSMÓPOLIS

Cosmopolis/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: David Cronenberg

Sinopse: Cosmopolis acompanha a história do jovem gênio multi-milionário Eric Packer (Robert Pattinson), atravessando Manhattan numa limusine (onde decorre grande parte do filme) para encontrar um corte de cabelo perfeito. Ao mesmo tempo, as finanças estão atravessando uma crise sem precedentes. Ele ainda não sabe, mas em menos de 24h perderá toda sua fortuna.


Novo e aguardado filme de David Cronenberg, “Cosmópolis” talvez seja o seu trabalho mais difícil de acompanhar, e com certeza, vai pegar muita gente de surpresa, principalmente as fãs de Robert Pattinson, onde achando ser mais um filme daqueles simplistas do ator, vão se impressionar pela verborragia e diversas metáforas presentes no longa. 

Basicamente, “Cosmópolis” é um estudo, uma analização do mundo em que vivemos atualmente. O avanço da tecnologia, o poder político com suas inúmeras maneiras de controle do povo, a alienação das pessoas pela mídia e, principalmente, o uso desta para inúmeros outros fins. 


Todos esses assuntos são postos em pauta pelo personagem de Pattinson e os seus convidados em sua limousine, onde se passa grande parte do filme. O personagem interpretado por Robert Pattinson, chamado Erick Parker, é um jovem gênio-milionário excluso da sociedade e que vivi praticamente em um mundo fechado, daí o porquê de se passar grande parte dentro de sua limousine, representando ali o seu porto seguro, o lugar de confiança para expor seus pensamentos e ideias. Uma maneira confortável de impor suas vontades às pessoas e controlar cada uma delas. 

Entretanto, considero “Cosmópolis” um filme maquiado de “intelectual”, cheio de conclusões existenciais sobre a humanidade e a maneira como o ser humano vive atualmente. Algo como uma avaliação do contexto social de hoje. Porém, tudo é apenas maquiagem. Não li o livro de Don DeLillo, mas vejo que Cronenberg apenas mostra que quer dizer muita coisa, mas no final não diz praticamente nada. Nada passou de palavras vazias passadas com extrema dificuldade para o público. 


O filme possui participações notáveis como a de Paul Giamatti e Juliette Binoche, porém, é Robert Pattinson quem me agradou. O ator, com uma inexpressividade que se encaixa ao personagem, mostra ter competência para fazer papéis ousados, e não ficar apenas na sombra de um “vampiro que brilha”. Depois deste “Cosmópolis”, confesso que deu vontade de ver Pattinson interpretando um psicopata, um serial killer daqueles cuja paixão é simplesmente ver o circo pegar fogo. 

Portanto, vão ter aqueles que vão amar o filme, idolatrar Cronenberg dizendo que este fez uma obra bastante inteligente, com diálogos precisos e por aí vai. Particularmente, achei nada demais. Um filme com discussões básicas, simples, mas que foram altamente elaboradas e passadas com dificuldade para o público. E por fim, abrindo logo o verbo, é um filme que achei chato, cansativo e enganador. E entrando na onda de metáforas do longa, “Cosmópolis” aparenta ser um “príncipe”, mas não passa de um mero “plebeu”.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

O ÚLTIMO GUARDA COSTAS

London Boulevard/Reino Unido, EUA
Ano: 2011 - Dirigido por: William Monahan

Sinopse: Depois de deixar a prisão, um gângster (Colin Farrell) decide mudar de vida e sair do crime. Com o novo objetivo traçado, ele é contratado como segurança de uma jovem atriz (Keira Knightley) que vive reclusa de todo o mundo, com medo de tudo. Em suas buscas pela liberdade, cada qual a sua maneira, os dois acabam descobrindo o amor.


Quem entra no mundo do crime, ainda que deseje sair, o caminho é estreito. Cedo ou tarde ou será preso ou morto não tem jeito. Aqui, neste “O Último Guarda Costas” (mais uma pérola para as traduções brasileiras), ou, como no original “London Boulevard”, o diretor William Monahan, em seu primeiro filme na direção, faz um exemplar de gângster morno, pouco empolgante e sem o calibre de, por exemplo, um “Os Infiltrados”. 

E por um falar em “Os Infiltrados”, William Monahan foi o roteirista do filme e aqui, em sua estreia como diretor adapta um livro de Ken Bruen e nitidamente busca inspiração no premiado filme de Martin Scorsese, porém, acaba por criar um exemplar de gângster sem originalidade e que segue com precisão as regras do gênero. 


 Como diretor, Monahan até mostra ter competência. Cria ângulos certeiros, coloca a câmera no lugar certo e quando quer melhorar o ritmo consegue. Para um estreante isso é excelente, e prova que pode continuar no ramo. 

No entanto, o problema de “O Último Guarda Costas” é justamente por não apresentar nada de diferente e ter muitas vezes um ritmo lento e parado. Investindo na velha história do “gangster que saiu da prisão e não quer mais viver uma vida de crimes, porém, o chefão não o deixa sair tão fácil, e como ele está apaixonado vai dar um jeito nessa situação para poder ficar ao lado da amada” não é nada de muito interessante, afinal, é bem clichê. Porém, se tivesse um investimento maior no lado mais gangster da história, na violência e em criar cenas boas de ação, “London Boulevard” não passaria tão batido, sendo lançado direto para DVD aqui no Brasil. Porém, Monahan, além de reciclar o básico, não se preocupa com o essencial do gênero. 


Já Colin Farrell vêm me convencendo bem de uns anos para cá. Um ator que o considerava sem graça e apático, ultimamente, vem mostrando um carisma e mostrando uma sensibilidade notável. Por outro lado, Keira Knightley, muito simpática e linda, apenas faz bem o que lhe foi proposto e Ray Winstone, na pele do chefão, recicla o Jack Nicholson de os “Os Infiltrados”, mas sem aquele ar imprevisível e sarcástico que tínhamos em Nicholson no filme do Scorsese. 

 Então, clichê e sem graça “O Último Guarda Costas” é descartável.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

PLANO DE FUGA

Get the Gringo/EUA
Ano: 2011 - Dirigido por: Adrian Grunberg

Sinopse: Dirigido pelo estreante Adrian Grunberg, Plano de Fuga traz Mel Gibson no papel de um criminoso americano que ultrapassa a fronteira entre Estados Unidos e México durante a fuga de um roubo a banco. Ele acaba preso pelas autoridades mexicanas e enviado para um presídio lotado de bandidos de alta periculosidade. Não bastasse essa experiência bizarra, ele acaba se envolvendo com uma família local e se metendo numa grande enrascada em terras estrangeiras porque a bandidagem agora quer a pele dele. Para sobreviver na prisão, ele terá que aceitar a ajuda de um garoto de apenas 9 anos (Kevin Hernandez), com quem irá planejar sua fuga.


Adrian Grunberg começou a sua carreira como assistente de direção e agora realiza a sua estreia no comando com este “Plano de Fuga”. Grunberg já trabalhou duas vezes com Mel Gibson em “Apocalypto” e no mais recente “O Fim da Escuridão”, ambos como primeiro assistente. Portanto, retribuindo todo o aprendizado adquirido com Gibson, era mais do que justo chamá-lo para protagonizar este “Plano de Fuga”, onde além de protagonista, Gibson também produz e faz sua volta aos anos vindouros do seu cinema de ação, com todo aquele seu estilo sarcástico e piadista, e claro, com todo o vigo necessário para botar tudo pra quebrar! 

A história de “Plano de Fuga”, ainda que possua o básico do básico, se diferencia em certos momentos por extrair certa dramatização dos personagens, principalmente de Gibson. E em meio a isso, são mescladas ótimas cenas de ação filmadas com agilidade e competência por Grunberg, a exemplo a cena onde Mel Gibson saí atirando em rivais e Grunberg capta toda a sequência em câmera lenta. Ou então, os já citados começo e também o empolgante final. 


No entanto, o que atrapalha no filme e é algo que o diretor precisa se aperfeiçoar, é em buscar manter o ritmo, ainda que não esteja ocorrendo a ação. Certos momentos, Grunberg demora na resolução de determinada cena causando certa lentidão ao filme. Mas ainda bem que isso é rapidamente consertado e o ritmo logo volta ao normal. 

Plano de Fuga”, que já se encontra em DVD ou blu-ray, é um ótimo exemplar para os fãs de ação, e principalmente de Gibson. Eu, como um fã incondicional de sua carreira, é bom vê-lo ao seu estilo clássico novamente e com o habitual carisma em tela. Em meio há um vida pessoal tão conturbada nesses últimos anos, ao menos num filme de ação Mel Gibson pode descarregar todo o seu stress. E que continue assim!


Não é um clássico nem o seu melhor trabalho, mas empolga, diverte e proporcionam excelentes 95 minutos. Vale a pena conferir!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

ROMÂNTICOS ANÔNIMOS

Les Emotifs Anonymes/França
Ano: 2011 - Dirigido por: Jean-Pierre Améris

Sinopse: Jean-René, dono de uma fabrica de chocolate e Angélique, especialista em chocolate, são dois românticos. E também extremamente tímidos. O amor pelo chocolate os aproxima, mas eles terão que vencer a timidez e as mais inusitadas situações para viver essa grande paixão.


Dirigido por Jean-Pierre Améris, “Românticos Anônimos” é uma deliciosa comédia francesa que, de uma maneira sutil, simples e divertida fala sobre os problemas da timidez, e como esta pode tirar a felicidade de muitas pessoas, impedindo estas de correrem atrás dos seus sonhos. O filme, basicamente, adota a estrutura básica de uma comédia romântica não trazendo nada de novo. 

No entanto, a beleza de “Românticos Anônimos” se encontra justamente nessa composição dos personagens. Ambas são duas pessoas feitas uma para o outra, mas perdem muitas oportunidades devido à timidez, que traz juntamente o medo e a insegurança. Daí, a forma com que o diretor Jean-Pierre Améris conduz esse relacionamento e as notáveis atuações de Isabelle Carré e Benoit Poelvoorde, que possuem uma divertida química, são os pontos altos do longa, que alegra quando é preciso e faz rir quando necessário. 


E ainda, os protagonistas possuem uma paixão em comum: o chocolate. Com isso, prepara-se para aqueles momentos deliciosos de dar água na boca. E assim como quando comemos um chocolate daqueles irresistíveis, é irresistível não gostar deste “Românticos Anônimos”.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela